Joana Dias

Ao longo das aulas da Unidade Curricular de Sistemas de Formação, Trabalho e Justiça Social fomos abordando os conceitos de formação, trabalho e justiça social e percebei que os três conceitos estão intimamente relacionados entre si e articulam-se.

Em todas as aulas iamos fazendo pequenos exercícios, que iriam ser arquivados num porfólio digital realizado em grupo. Antes de mais queria referir que esta ferramenta de trabalho é útil pois permite um registo de todas as actividades realizadas, e ao mesmo tempo uma reflexão no que diz respeito às aprendizagens efectuadas. O facto de ter sido em grupo permitiu a partilha a reflexão crítica entre os elementos. O trabalho em grupo é por si só uma componente bastante forte pois constitui para cada elemento do grupo um enriquecimento pessoal, bem como uma aprendizagem, devido às diferentes perspectivas, ideias e pontos de vista de cada um.

Posto isto irei agora, abordar algumas considerações sobre os três conceitos base da UC, tendo por base alguns referentes utilizados nas aulas, durante o semestre. Com o passar do tempo estes três conceitos (formação, de trabalho e de justiça social) sofreram várias alterações.

O trabalho defini primeiramente como, por em prática (ou tentar por) o que se aprendeu, quer num contexto mais formal, como a escola, quer numa outra formação qualquer. É uma acção que à partida exige uma remuneração, excepto em casos de voluntariado. No contexto medieval o trabalho era a regra e a educação a excepção, tal como nos refere Correia referenciando Petitat (1996). Segundo Correia (1996), o conceito de trabalho no século XVII, sofre uma transformação. Considerado até então como “um esforço penoso a evitar, o trabalho passa a ser considerado como uma actividade exaltante que interessava promover e racionalizar” (Correia, 1996:23). Tal como referi na minha primeira reflexão, não se pode dissociar o conceito de trabalho do conceito de formação pois estes encontram-se ligados pois a formação (académica ou profissional) tem o objectivo de preparar um indivíduo para a inserção no mercado de trabalho. Ao conceito de trabalho podemos associar conceitos como o conceito de qualificação e competência. A qualificação e a competência relacionam-se pois a qualificação é “dada” através da competência, isto é uma pessoa é considerada qualificada quando tem conhecimentos e competências. Assim, o conceito de competência é um conceito que se relaciona com o desempenho de uma pessoa na realização de determinada tarefa e também como já disse, com um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que a pessoa tem que justificam o seu bom desempenho.

 

A qualificação consiste na preparação do indivíduo para um futuro profissional. «O conceito de qualificação, está intimamente ligado ao domínio de um ofício – quer dizer, à combinação de conhecimentos de materiais e processos com a destreza manual dada pela prática, necessária para levar a cabo um processo específico de trabalho” (Baverman cit. in Correia, 1996:18).

 

Na minha reflexão inicial eu defini formação como algo mais ligado “a um campo mais escolar, isto é, onde há uma certa aprendizagem, em que alguém devidamente certificado para tal, tenta formar outras pessoas. Associo a formação ao querer saber mais pois normalmente quando alguém vai para uma formação, por exemplo, é para se formar, e aprender mais sobre uma área específica. No entanto, este termo não surge sozinho pois associado à formação há um trabalho constante tanto por parte dos formadores como dos formandos”. Actualmente não defino este conceito só assim, antes de mais convém dizer que o conceito de formação verificou uma evolução no decorrer dos anos, e não se restringe só ao campo formal. Na idade média, o ensino (ou formação) estava presente na actividade artesanal ou na actividade comercial. No século VI surgiram as escolas de caridade; no século XIII os colégios e, por último, no século XVI apareceram as escolas da paróquia. A responsabilidade de ensinar/educar era atribuída à igreja ou a mestres responsáveis por ensinar determinados ofícios, sendo esta aprendizagem de um ofício obrigatória. A formação pode acontecer em vários niveís, no local de trabalho, para o local de trabalho, ou mesmo como complemento da instrução escolar (e mera satisfação e realização pessoal). Podemos então dizer que a formação está presente ao longo da nossa vida, quer quando somos estudantes ou até mesmo trabalhadores.

O conceito de justiça considerava que tinha a ver com a equidade existente ou não numa sociedade, e é um conceito relativo pois o que é justiça para uns, pode não ser para outros. No que diz respeito a este conceito eu vou fazer referência ao contexto da globalização. De acordo com Fraser um outro traço que define a globalização é “a politização generalizada da cultura, especialmente nas lutas pela identidade e diferença − ou, como passarei a designá−las, as lutas pelo reconhecimento − que explodiram nos últimos anos”. Ora através desta citação podemos ver que actualmente, no mundo em que vivemos da globalização há cada vez mais luta por parte das pessoas, para atingir a sua justiça isto é, há cada vez mais uma luta das pessoas para ter os seus direitos. A justiça é um conceito que abarca e relaciona duas dimensões do ordenamento social − a dimensão da distribuição e a dimensão do reconhecimento. Com isto quero dizer que há uma busca por parte das pessoas em serem reconhecidas socialmente (raça, etnia, orientação sexual, entre outras) e em verem as coisas distruidas justamente. Tal como referi na minha primeira reflexão, o conceito de justiça social não se pode dissociar do conceito de trabalho e formação porque nem sempre a sociedade é justa a estes niveís pois nem toda a gente tem direito às mesmas oportunidades de trabalho, ou porque são chineses, ou porque são negros, entre outros.

Assim, e em jeito de conclusão podemos perceber que estes três conceitos se relacionam entre si e que ao longo do tempo foram sofrendo alterações.

 

 

Referências bibliográficas:

CORREIA, José Alberto (1996) Sociologia da Educação Tecnológica. Lisboa: Universidade Aberta

FRASER, Nancy (2003) A justiça social na globalização: Redistribuição, reconhecimento e participação. Texto da conferência de abertura do colóquio "Globalização: Fatalidade ou Utopia?" (22−23 de Fevereiro de 2002), organizado em Coimbra pelo Centro de Estudos Sociais. Artigo publicado em www.eurozine.com;